Ter, 31 de Jul de 2012
9:22 am
Foi bom o Scatolin ter nos
passado um esclarecimento do Tio Dú, do porquê do reserva: TWIST
Mas
antes de falar do twist...
Compartilho a opinião dos que viram a coisa
começar com um grande colapso(para mim um front parcial, já que foi praticamente
no centro da vela) com quem também viu isso.
Logo em seguida pareceu que
a vela entrou em estol/parachutagem. Vale frisar que após um front(também
chamado front-stall, pois a asa como que estola, pára de voar por deformação
aerodinâmica), é possível ver que o paraca não volta a voar, talvez porque
os freios foram acionados - ou durante o front, ou cedo demais, antes do paraca
voltar a voar, ou em demasia. Aqui cabe uma ressalva: Freios em demasia não
significa meter a mão lá em baixo. Depois de uma parachutagem configurada(o
que parece ter ocorrido logo após o front) pouco freio é suficiente para não
permitir o retorno da vela ao voo, para mantê-la em estol. "Pouco freio" pode
ser excesso de freio em muitas situações.
Aquelas expressões "acionar os
freios para segurar a vela, voar travadinho, ou mesmo acionar cerca de 20 % dos
freios em turbulência "são danosas em situações como esta, e em várias outras, o
que justamente impede a vela de voar, podendo até iniciar uma cascata após um
estol inadvertido, involuntário.
O uso dos freios depende da
análise de um contexto:
O que significa 20 % de freios? Significa 1/5 do seu
curso total? 100% de freios significa os freios enterrados lá em baixo?
A
resposta para as três perguntas é NÃO.
O que é 100% de freios? Depende
do contexto.
Nesse sentido com pouco acionamento de freios os 100%(estol)
podem ser facilmente atingidos em contextos diferentes da vela voando sobre a
cebeça e com vento relativo padrão(38/40km/h).
A quantidade de
freios se relaciona a um contexto.
Se 100% de freios significa um estol,
então por exemplo, durante um grande pêndulo de recuo(onde o ângulo de ataque é
maior, e onde o vento relativo está decrescendo), mesmo 20% de freios
acionados pode resultar num estol. Ou seja, com um tímido acionamento dos
freios(20% de um padrão pré-estabelecido - isso é falso, pois não é contextual),
podem significar os 100% de freios num contexto diferenciado.
Portanto,
após um estol configurado, por exemplo, logo após um front, mesmo os "20%" de
freios acionados(e esse percentual só corresponde ao voo normal, com ângulo de
ataque e vento relativo padrões), podem significar 100 % de freios.
Mas
no caso do Tio Dú, se foi o twist que resultou na decisão pelo reserva,
cabe mais uma ressalva:
Em situações mais apimentadas, manter as pernas
esticadas na selete carenada - ou mesmo para quem gosta esticar as pernas no
apoio de pé - é pedir para twistar.
Em situações de reações mais
dinâmicas do parapente as pernas devem estar encolhidas ao máximo, justamente
para minimizar as chances de twist.
Nos cursos sobre a água que
ministro, chego inclusive a usar um truque que ajuda esses pilotos carenados, ou
que gostam de voar com as pernas esticadas:
Consiste em encolher as pernas
sob a selete, e imaginar que é preciso segurar dois cheques de
R$100.000,00(um em cada perna) durante todos os
exercícios...:-)
Percebi que depois que essa técnica psicológica foi
adotada, ainda assim parece não ter surtido muito efeito, e a maioria dos
pilotos acaba ficando R$200.000,00 mais pobres...tamanha impregnação no
insconsciente está esse hábito de voar com as pernas
esticadas...:-(
O vício de permanecer com as pernas esticadas em
situações mais apimentadas e dinâmicas é um grande responsável pelo lançamento
de reservas.
Consciência, diversão e encantamento nos voos !
Kurt
W. Stoeterau
www.parapenteobediente.com